A postagem a seguir contém conteúdo adulto.

Lúcia foi educada nos melhores colégios da cidade e nem por isso resultou na melhor educação.
É como se ela tivesse filtrado as piores coisas para si e absorvido. 
Desde palavras ao sexo, Lúcia era a pior e a melhor coisa que se teve conhecimento.



Fumava maconha todos os dias com um grupo de amigos e jamais se perguntou se a vida era só aquilo mesmo. Ela sabia que não era, mas escolheu aquilo mesmo assim.
Bebia como se não houvesse amanhã, mas sempre havia, tola garota.
Mal sabia Lucia o quanto era linda. Passava nas ruas em seu universo próprio e nem notava o quão cobiçada era. Estimulava a imaginação de muitos homens, não tinha culpa, a natureza havia sido generosa com alguém que mal sabia disso.


Lúcia ia frequentemente em praias de nudismo e exibia suas curvas inocentemente.
Era como se em Lucia morasse uma criança de 9 anos, que não via maldade em nada. 
Era Lucia uma criança que não suportava existir. E por isso traçava vários planos para interromper o seu ciclo.
Quantas vezes ja calculou de quantos andares morreria, caso se jogasse?
Vários!
Inutilmente, momentos depois da bad, ela dava 'um pau'* e ficava tudo bem.


Lúcia admirava os suicidas, sonhava em um dia ser um deles. Porém o que mais desestabilizava ela era o fato de não ser eterna.
Ao mesmo tempo que odiava a sua existência, queria permanecer.
E foi pensando nisso que pediu para que todos os seus amigos escrevessem o que eles achavam dela verdadeiramente.
Imprimiu todas as declarações e fez um mural na parede de sua sala. 
Leu todas elas e em diversas ela era 'louca', 'puta', 'maconheira', 'maravilhosa', 'sem noção'.
Lúcia era tão tudo, que resumiu-se em nada.


Um dia Lúcia decidiu que levaria o suicídio a sério e passou o batom vermelho de sua mãe que era 24 horas. Foi para a sacada do seu prédio e resistiu ao cigarro de maconha, não poderia desistir de novo.
Começou a se despir e a se derramar em lágrimas coloridas de rímel, delineador, sombra, lápis. Passou de linda para a coisa mais tosca que ela mesma jamais poderia ter conhecido.


Até que encontrou um olhar curioso no prédio da frente. Um jovem a olhava instigado com a cena, sem mesmo sentir vergonha ou pudor, estava hipnotizado. 
Não se sabe se ele olhava o corpo da mulher ou a cena que ocorria, Pedro jamais relatou.
Lúcia fugiu de vergonha, desistiu do suicidio e teve ódio daquele jovem.
Decidiu por ter uma vingança. Esqueceu-se que crianças não sabem se vingar.


Tomou um banho e se arrumou novamente.
Foi para a recepção do prédio do tal rapaz e esperou por um tempo, até que ele saiu despreparado. Ela tinha como objetivo o coagir, tola garota.
Ele estava com uma roupa social e uma bíblia nas mãos. Era formidável o tal Pedro.
Lúcia percebeu, corou e não teve coragem de esbravejar, de vomitar toda a ira. Parece que ela tinha sida digerida. 


A verdade é que eles se falaram pouco, o suficiente, diria.
Semanas depois era Lúcia a razão das punhetas diurnas e noturnas do Pedro, previsivelmente. 
Se sentia um pecador, um sujo, um lixo por isso. Afinal, segundo as suas crenças, isso era um erro.
Pedro, que queria tanto ser um acerto, era mesmo um grande erro. Mas existem acertos nesse mundo?
Pedro não sabia, mas gostaria de ser um.


Por outro lado Lucia pensava no tal engravatado dia e noite. Sonhava coisas assustadoras com ele, eróticas, românticas, amigáveis, odiáveis.
Meu Deus, como Lúcia desejava aquele pobre homem.
Ela estava na merda e gostava daquilo. Lúcia se sentia a pior coisa do mundo, a ponto de não querer existir. Mas quando aquele homem entrou em seus sonhos, toda insuficiência que sentia, morreu. Pedro havia cometido o delito de matar a bad da moça, sem ao menos saber que o havia feito.


Numa sexta qualquer ela acordou virada no satanás e decidiu dar um basta nisso. 
Esperou o rapaz na recepção e dessa vez ele demorou bastante.
Lúcia esperou por horas e temeu que estivesse suada, feia. Pobre garota, mal sabia o quanto era linda.


A verdade é que Pedro sabia que Lucia estava na recepção. Ela não tinha notado, mas ele tinha tentado sair uma vez, mas desistiu ao vê-la.
Por nervosismo, por vergonha, por medo de persistir no erro.
Estava mais suado que um porco e já tinha se masturbado 3 vezes devido o estresse da situação. Que pecador! Passaria longe do purgatório.


Uma hora ele teve que encarar. Desceu e foi abordado pela moça.
Lucia não sabia o que dizer, sentia raiva de ser desarticulada. Queria um cigarro de maconha ali mesmo, queria que ficasse tudo bem.
A única coisa que conseguiu falar foi um breve discurso sobre ele ter visto ela nua.Um discurso moralista mentiroso, que ela mesmo achava patético, vazio e irritante.
O rapaz pediu desculpas, suando como um porco. Disse que já tinha pedido mil desculpas a Deus. 
Lúcia riu ironicamente: "Você deveria pedir desculpas a mim, não a Deus. Não foi ele que você viu pelada, cara!"


Lúcia queria beijar aquele cara, ficar nua de novo, só que dessa vez por outras razões. 

Então por covardia ambos se despediram pela ultima vez.
Nunca mais se viram.
Os dois tiveram certeza de que aquele era o tal amor que tanto falam. Aquele único amor que aquece nosso coração, que nos desperta sonhos, que nos faz fazer planos, mas que é pra ser sentido por pouco tempo. Aquele tipo de amor que inspira músicas, poesias ou estórias como essa.

Alguns desses amores nunca se tocaram, nunca se falaram, nunca se beijaram, mas existiram.
E pela primeira vez Lucia apreciou a existência. Lúcia existiu com Pedro, Pedro existiu com Lúcia, e depois voltaram a existir, um sem o outro.

*'um pau' = fumar maconha

Laryssa Carvalho existe





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