Antes de lhes apresentar a Carmen, gostaria de explicar que todas as personagens foram criadas por mim, e queria lhes assegurar de tamanha autenticidade. 
As inspirações serão especificadas em cada postagem, afinal aquilo que não tem referencial não existe.
Carmen foi inspirada numa música da Lana Del Rey, de mesmo nome.
Aprecio muito essa canção e a acho extremamente forte, como a personagem a quem 'dei vida'.


Carmen acorda cedo todos os dias para assistir ao nascer do sol e recitar algum mantra pessoal, que ela mesma sabe que não passa de baboseira emocional.
Tenta acordar todos os dias com novas metas, rabisca algumas delas na caderneta azul, mas nunca as olha novamente. É como se depois de escritas elas simplesmente deixassem de existir.
Carmen ama coelhos e paredes brancas, ela vê pureza em ambas as coisas. Porém não cria coelhos e sente extrema vontade de rabiscar as paredes brancas de seu quarto, todos os dias.
Como consegue resistir as tentações? Abre a caderneta azul e escreve repetidas vezes: "Não seja a rainha da bagunça!"

Vai a feira todo sábado e trança seus cabelos na tentativa de que isso evidencie os seus traços faciais, e falha. Como evidenciar traços simples em um rosto que só expressa dureza?
Carmen caminha com tamanha confiança que poderia se chamar mesmo Confiança.
Pura mentira estética, a moça é o poço das inseguranças.
É na feira que ela exercita seu poder de manipulação, comprando o triplo de coisas do que qualquer pessoa normal conseguiria com apenas 15 reais.
O faz só por satisfação própria, já que todo o investimento vai para a lixeira.


Carmen não desperdiça sorrisos e os guarda para alguém especial, mesmo que defenda a solidão até as 18 horas de todos os dias, quando ela começa a chover na janela do seu quarto.
Carmen se limita a chover 5 minutos por dia. É o suficiente para regar as suas flores e não permitir que elas se esvaiam. 


As amigas de Carmen se surpreendem com ela diariamente: "Meu Deus, Carmen! Como você consegue ser tão equilibrada? Queríamos ser como você."
E Carmen lhes olha severamente após tragar o cigarro, depois libera alguma frase de efeito, tão vazia quanto a lógica de sua vida.
E pensa: "É tudo uma merda, não sejam como eu, eu prefiro morrer!"


A verdade é que Carmen se sente tão sem graça quanto a Macabéa, mas é possível que ninguém nesse mundo saiba disso.


Carmen adora sorvetes, mas acha eles infantil demais para que desfrute de seu sabor.
Na verdade, tudo que Carmen queria era gritar numa ilha deserta, até as suas cordas vocais saltarem para fora de sua garganta.
Logo em seguida tomar potes de sorvete de morango e rir. Soltar as suas tranças e se desfazer de todas as suas roupas conservadoras.
Carmen gostaria de andar nua nessa ilha e a chamar de sua, mesmo que já não tenha voz.


Ela gostaria de quebrar as regras, de rasgar as suas vestes, de falar palavrões e de rir disso.
Carmen gostaria de rir.

*Macabéa, personagem de "A hora da estrela" (Clarice Lispector)


Laryssa Carvalho também gostaria
de rir, como a Carmen.

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