(Antes de qualquer coisa, gostaria de informar-lhes que essa história não tinha esse rumo. Entretanto, o personagem, por conta própria, decidiu que seu destino não seria aquele traçado por mim, e sim o que ele achou mais conveniente a si mesmo)





O Márscio Otávio nasceu em 12 de setembro de 1993 e desde então já tinha tudo planejado.

Em sua visão pessoal a vida nunca teve sentido. Ele foi o ultimo a aprender a ler na alfabetização, sempre lhe roubavam o lanche na escola,  entrou no Orkut quando a rede já nem mais tinha graça e ficava naquela eterna duvida sobre ser gay ou não, nunca havia se relacionado com ninguém, na verdade.


Desde sempre odiou seu nome. Sentia-se como duas pessoas em um único corpo, odiava nomes compostos e com grafias toscas, o que se adequava ao seu perfeitamente (e é possível que eu erre seu nome diversas vezes enquanto conto o caso).

Odiava fofuras do dia a dia, como algodão doce, filhotes e saudosismo extremo. Superficialidade nunca lhe agradou.


Márscio escondia alguns segredos á 7 chaves, como todos nós escondemos.

Ele amava ouvir Abba e se travestir todas as quarta-feiras a noite (que era o seu dia de folga), apesar de se sentir atraído por moças.
O fato é que mesmo ele amando o café da esquina e tendo uma coleção exclusiva de posteres do Abba, nada o estava mais fazendo feliz (se é que um dia fizeram).
Numa segunda-feira chuvosa decidiu que ia se suicidar e que, como era seu ultimo ato, faria algo histórico.


Foi ouvindo Tina Tuner que ele comprou velas roxas (porque amava a cor, mas nunca havia se dado o luxo de ter velas roxas), um kit com todas as receitas japonesas que se pode imaginar, um estojo de sombras opacas para o seu look suicida, curativos para os calos que 'nasceram' em sua jornada a procura de velas roxas, um livro sobre acne e um incenso de rosas vermelhas.

Não queria nada que fosse doloroso, então fez uma busca no google e descobriu um tipo de veneno que não causava dor. A pessoa dormia e pronto, partia pro andar de cima. 

Márscio juntou seus últimos trocados, colocou os curativos nos respectivos calos, passou gel no topete recém descolorido e foi rumo ao local que vendia venenos.


Chegando lá conheceu uma tal de Margareth que, a principio, riu de seu topete pouco hidratado e desconcertado.

Ela explicou como ele deveria fazer com a substância, que era rápida e letal.
Depois de muito papo 'técnico' ela o questionou sobre o motivo do suicídio.


E taí, o Márscio  disse que odiava o nome composto dele, que sempre foi uma criança sofrida, que a vida era injusta, que ele já não tinha ninguém, nem peixe no aquário.
E daí Margareth lhe foi fatídica: "Tá, mas e daí? Compra um cachorro, arruma um trabalho melhor, faz um curso que você goste, muda o nome no cartório. Mas é sério que você quer um suicídio por coisas que você pode resolver?"

Marscio se chateou, pagou pelo veneno e saiu esbravejando para os blocos na rua, os cachorros magrelos deitados na calçada. 

Chegou em casa, travestiu-se , maquiou-se com a paleta de sombras opacas, odiou.
Tentou fazer uma das receitas japonesas, fracassando previsivelmente.
Acendeu o incenso e as velhas roxas, decidiu tomar o veneno. 


Não escreveu carta para ninguém, porque achava que seus escritos eram muito desinteressantes. E eram.

Porém deixou uma nota:

"Para Margareth, 
odiei seu nome, mas se estivesse vivo agora, sairia contigo."


Misturou o veneno no vinho velho que tinha no armário e enrolou o quanto pôde.

Pegou um bloquinho velho de anotações e decidiu ir no dia seguinte ao cartório, verificar qual o processo todo para mudar seu nome.
Ligou para um pet shop la perto mesmo e verificou se tinha animais á venda. Acabou que tinham uns cachorros para adoção e Márscio adotou um e o apelidou de Victor Hugo (o nome que posteriormente também seria o seu). 


Victor Hugo está saindo com Margareth há 3 semanas e largou o emprego de telemarketing, decidiu trabalhar num pet shop paradinho da esquina de sua rua e já tem 3 cachorros adotados.
Margareth continua traficando venenos letais, mas ganha pouco, coitada! Tem uma lista enorme de clientes que decidem dar pra trás logo depois que batem papo com a tal vendedora.
Esse comércio é mesmo uma complicação só.

Laryssa Carvalho nunca imaginou
que o Márscio Otávio ia mudar o
desfecho da estória. 



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