Já estive dos dois lados e eis um relato sincero: é tudo uma grande merda filosófica.


Já fui largada no altar, entre a vida e a morte, o sim e o não.
Fui deixada tão severamente, que não consegui acompanhar os vestígios na areia da vida, deixadas pelo meu amargo amante.
Senti um vazio tão grande que nem toneladas de subway supriria o mesmo. Uma dor tão intensa que nem infinitas doses de morfina trariam o esperado alívio.

Já quis me enterrar tão fundo, onde até os fungos se recusassem a ir e me enterrei. Criei minha própria realidade obscura, onde terapeutas, remédios, amigos e até o meu amor próprio não conseguiam pisar.
E o tempo parou, a dor ficou e até hoje, admito (vez ou outra), essa dor me corrói. Dor essa que vai e volta não pelo causador da mesma, mas porque toda ferida deixa marcas, e algumas marcas nunca se vão. Geralmente algumas marcas se tornam parte de nós, bloco de nossa própria estrutura.
Tornei-me outra eu, pós-dor. 

Ocorre que com o tempo cansei de curtir o meu luto, cansei de endeusar essa dor, me cansei dela em sua totalidade. E eis aí a minha tal 'liberdade'.
Tudo cansa, meus caros, até a felicidade. 
E aos poucos fui lendo os emails enviados pelo meu amor próprio, atendendo as ligações dos amigos, mesmo que breve, ouvindo poucas palavras, com um tal de "fica bem, tudo passa!". 
"Tudo passa!", e o quanto eu me irritava ao ouvir/ler/pensar isso. Tantas vezes eu quis que nada passasse e sim voltasse. Inutilmente, nada nunca voltou para mim.
"Todo carnaval tem seu fim..."

Em contraste, já estive do lado em que fui a amante que não deixou vestígios. 

Saí por entre a selva, por mim, por ele, por tudo. Resolvi ficar por ali mesmo e ser honesta, foi-se o tempo.
É que eu tenho esse problema com o tédio, tudo me causa insatisfação, hora ou outra. 
Jamais deixei de me preocupar com quem ou o que deixei, e agora eu entendia o meu ex amante que me havia largado entre o sim e o não, a vida e a morte.
Entendi que por mais que fosse doloroso o ideal é que fosse logo, que se desse logo o desfecho da história. E não adianta, nenhum dos lados nunca entenderá o 'rival' em sua totalidade.
Os deixados sempre acharão injusto e sempre atribuirão mil e um motivos ao abandono, motivos esses que são, muitas vezes, inexistentes.
Mas as vezes é preciso permitir-se ler os emails do amor próprio ou atender os telefonemas. As vezes também é importante apenas perceber que "todo carnaval tem seu fim...".




                                                                         Laryssa Carvalho odeia
                                                                         carnavais.

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