Hanna Liz

Me sinto envergonhada por ter passado toda essa semana sem falar com vocês, depois de ter confirmado que na segunda-feira retrasada estrearia post de tema fixo.
Me perdoem meninas, houve um (bom) imprevisto durante absolutamente toda a semana, e esse será nosso assunto de hoje.
Antes disso devo explicar que o ''compartilhando'' é o novo tema semanal, no qual pretendo dividir com vocês fatos importantes e casos que ocorrem na minha vida, e outros diversos assuntos que eu julgo interessantes também.
Pra começar, irei relatar uma experiência super legal que aconteceu comigo muito recentemente.
Na última segunda-feira (18), fui convidada para trabalhar com meu tio em sua loja de roupas femininas, no comércio. Nosso trato foi de que só passaria seis dias trabalhando, pois o estabelecimento estava sendo fechado e logo após esses seis dias não haveria muita mercadoria.
Sua loja era composta por peças apenas para mulheres, porém não tinha muita relação com a moda. Não entenderam? Ok, eu explico. A maioria das roupas eram ultrapassadas (nem todas, comprei uma calça e duas blusas bem lindinhas lá), não faziam o meu estilo e não eram muito ''a minha cara''.
Minha função era vender, então eu não podia convencer as clientes a não comprarem o que lhes agradava apenas por meu gosto ser diferente do delas, e por eu ditar moda de uma maneira que algumas daquelas moças não se enquadram.
A partir daí aprendi a apreciar/valorizar a nós mesmas, mulheres, de um forma especial.
Arrumava manequim, levava roupas ao provador. Corria prum lado, corria pro outro. E tudo foi me fazendo mudar interiormente, mais precisamente, a minha mente.
"Você tá linda!", "ficou espetacular, vai arrasar!", já fazia muito sentido. De verdade, fazia mesmo.
Quando as singelas e ás vezes grossas mulheres se vestiam, o brilho em seus olhos era notável e aquilo me encantava. Nelas as roupas estavam lindas. Lindas porque as satisfaziam, as agradavam; e o que não era bonito pra mim era magnífico pra elas. Cada acontecimento me fazia desvendar sobre a beleza individual de cada mulher. Umas odiavam vestidos de festa daqueles longos e comuns, outras vestiam e adoravam, e ficavam realmente bonitos nelas. As blusas de tecido não caiam bem na Maria, mas já na Joana estavam muito belas. Então, despertou curiosidade. Porque na Tereza aquela saia ficava horrível, e na Célia eu achava interessante? A resposta? Vocês ainda não sabem?! Cada uma tinha sua particularidade, e mais do que isso, sua capacidade de ser e estar linda, do seu jeito, com o seu jeito.
Pude lidar com várias pessoas diferentes, umas que respondiam meu bom dia com um enorme sorriso no rosto, com um aperto de mão e até um abraço, e outras que nem me olhavam cara a cara. Eis aí algo que passei a valorizar também. Acordar cedo e sentir o calor do povo era impagável. O carinho da moça da ótica ao lado que falava comigo sempre tão alegre, o sorriso do seu Elias, os conselhos da garota da barraca de óculos, as graças da vendedora de picolé, as histórias e os cuidados da minha colega Sol, os deslizes de Marcelo, as atrapalhações do meu tio/patrão, e outros inúmeros detalhes que me fizeram amadurecer. Quando eu digo amadurecer, é porque tem muita ênfase nessa palavra. Quero que a atenção de vocês esteja voltada pra isso nesse momento. A gente se queixa de muita coisa que na verdade não nos acrescenta nem no lado direito, nem no esquerdo. Reclamamos de quase tudo, e quando nada dá certo achamos que o refúgio é o abismo. Não é bem assim não. Lá fora o mundo é lindo, as pessoas dentro de suas possibilidades são lindas. E a felicidade consiste nos atos mais simples, nos gestos mais básicos. Mulheres com seus problemas, suas complicações, desejos e rumos, e só a vontade de se sentir bem dentro de uma roupa as faziam vibrar de alegria. Olhar-se no espelho vestida como queria era motivo de satisfação, tanto pra mim quanto pra Joaquina, por exemplo.
Tudo isso serviu de aprendizado e lição, era o que eu estava mesmo precisando pra ver a vida com outros olhos e com sabedoria.
"Mais importante que a roupa, é a vida que a gente leva dentro dela."