Lorena Lancaster. 22 anos. Linda. Ruiva. Rica. E, nas horas vagas, prostituta.

Lorena era uma mulher distinta. Possuía o poder não só nas mãos, mas também na boca. E que boca. A jovem herdeira tinha tudo aos seus pés: dinheiro, poder, homens e até mesmo mulheres.
Com um casamento marcado, Lorena se envolvia em atividades rotineiras na vida de uma garota rica. Até que durante a noite, ela se transformava em ninguém menos do que Desirée Bukke, popularmente conhecida como Chupetinha Elétrica.
Diretamente da Barra da Tijuca para a esquina mais sórdida do Rio de Janeiro, Lorena colocava uma peruca azul-ciano e revelava o seu alter-ego. E iniciava os seus trabalhos.

Começava levantando a saia, mostrando suas belas coxas e esperava o melhor land-rover aparecer. Terminado o programa, saía de fininho sem que ninguém a visse. E sem pegar o pagamento.
As noites se passavam nesta mesma rotina, até que um dia Chupetinha Elétrica acabou brigando por um cliente com Neca Meleca, um travesti que usava uma peruca dourada horrível. O cliente foi embora.
Após o ocorrido, Chupetinha e Neca se tornaram mais do que colegas de trabalho, viraram melhores amigas, a ponto de compartilharem os mesmos clientes. Entretanto, as duas nunca revelaram as suas verdadeiras identidades uma para a outra.

Com o casamento chegando, Lorena se afastou do seu "hobbie" preferido para cuidar dos preparativos de uma cerimônia, que não tinha outro objetivo que não fosse a junção de dois patrimônios.   
Embora fosse se casar, Lorena raramente via o futuro marido; um tal de Carlos Malta, presidente de uma empresa qualquer, que só marcava reuniões durante a noite. Ninguém sabia do quê ou para quê. E ninguém realmente se importava em saber.
Na véspera do casamento, Lorena decidiu ter a sua despedida de solteira. Chamou Neca Meleca para um programa com mais quatro homens. Porém, o que Lorena não sabia era que Carlos também estava tendo a sua despedida naquela mesma noite.
Depois de tudo, Lorena prometeu a si própria que aquela foi a última vez. Então se despediu da companheira de guerra e se foi.

O dia não esperado havia chegado.
Já devidamente vestida, Lorena entrou na Igreja de braços dados com o pai. Enfim prestou atenção no homem que lhe esperava no altar. Não era feio. Pelo contrário, era muito bonito. Finalmente, o padre fez as devidas perguntas. Ouviu-se sim de ambos os lados. Tiveram uma noite de núpcias razoável. Nove meses depois, nasceu Julia. Cinco anos mais tarde, Mateus chegava ao mundo. Levavam um casamento sem palavras carregado, insuportavelmente, pelo tempo.

Doze anos mais tarde, em mais uma manhã tediosa na vida do casal, Lorena decide vasculhar o closet na procura de um velho chapéu. Entre caixas e mais caixas, algo lhe chamou a atenção. Uma caixa preta e empoeirada se escondia entre as outras.
Ao abri-la, os olhos de Lorena se arregalaram de tamanha surpresa.
Lá dentro se encontrava uma peruca horrivelmente dourada de Neca Meleca.
Nada parecia verdade.  
Esperou Carlos por horas, até que este abriu a porta e confrontou a esposa segurando a peruca. Um rápido diálogo foi trocado.
- Você era a Neca Meleca?
- Sim. - respondeu atonitamente surpreso.
- Prazer, Chupetinha Elétrica.
E foi assim que um casamento engessado se transformou na aventura mais louca e feliz de todas.

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